A estreia de "The Bible", protagonizada pelo ator português Diogo Morgado, atingiu, no domingo, um recorde nas audiências no Canal História nos EUA, tendo sido vista por 13,1 milhões de pessoas, revelou o Huffington Post , citando a agência Associated Press.
Se incluirmos a repetição do episódio nesse mesmo dia, o número de espectadores sobe para 14,8 milhões. A audiência do primeiro episódio da série ultrapassou o número de espectadores – 11.3 milhões, segundo a mesma fonte – da série The Walking Dead, outro dos favoritos da televisão por cabo norte-americana.
A série "The Bible", produzida por Mark Burnett, produtor executivo de Survivor, e a sua mulher, a actriz Roma Downey, para o Canal História, destacou-se, até ao momento, como um dos programas mais vistos, em 2013, na televisão por cabo norte-americana.
Encenando vários acontecimentos encontrados no Antigo e Novo Testamento, «desde o Genesis à Revelação» - nas palavras de Burnett ao jornal Christian Post, "The Bible" é uma mini-série, com um total de 10 horas, que está a ser exibida durante o mês de Março, tendo agendada o seu último episódio para o dia 31, Domingo de Páscoa.
«O sucesso de "The Bible" catapultou o Canal História para uma das marcas mais poderosas no panorama dos meios de comunicação social e não podíamos estar mais entusiasmados», disse Nancy Dubuc, presidente da cadeia A&E, à qual pertence o Canal História, citada pela imprensa norte-americana. «A paixão por este projecto ressoou entre os nossos telespectadores e por toda a nação», acrescentou.
Por sua vez, Mark Burnett disse ao Christian Science Monitor que este projecto procura colmatar a «iliteracia bíblica» que existe entre os mais jovens. «Na escola temos de conhecer Shakespeare mas não a Bíblia. Tem de haver uma forma de olhar para isto de um ponto de vista puramente literário».
A cadeia televisiva defende que o programa é para todos. “Eu não vejo esta série como uma produção cristã”, declarou Nancy Dubuc ao The New York Times, «Somos uma marca global e procuramos chegar a todos as crenças e formas de vida». Entre os 47 conselheiros teológicos da série havia um rabi.
Diogo Morgado explicou ao Christian Post como foi encarnar uma das figuras mais míticas da História. «Fiquei assustado quando soube que ia representar Jesus», admitiu. «Fui ao lugar onde, supostamente, tudo aconteceu e envolvi-me com essa energia».
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Numa entrevista ao Examiner, Morgado, que tem 33 anos, revelou que para se preparar para este papel não lhe bastou ler a Bíblia. «Comecei a ler a Bíblia e a ver tudo o que podia sobre o assunto. Depois parei porque percebi que não existia uma escola de representação que me pudesse ajudar nesta tarefa de representar Jesus Cristo. Tem mais a ver com a nossa energia e com o nosso espírito do que propriamente com algo que se possa racionalizar. Para mim foi uma viagem, foi único». Quando o Christian Post lhe perguntou se o papel de Jesus Cristo foi até agora o mais desafiante da sua carreira, Morgado devolveu a pergunta: «Isso é mesmo uma pergunta?! Claro! Não há nada mais difícil do que isto, Jesus é a figura mais completa e complexa da humanidade.»
Diogo Morgado, que contou ao Christian Post ter tido uma educação católica, espera que a série possa servir um propósito educativo. «Acredito que as pessoas que não são muito espirituais (…) depois de verem isto passarão a ligar mais ao seu lado espiritual».
Não se sabe ainda se o facto de Morgado ter sido escolhido para o papel principal está, de algum modo, relacionado com o facto de o norte-americano James Foley, realizador de filmes como "À Queima-Roupa" e "O Sucesso a Qualquer Preço", ter dito ao Hollywood Reporter, em 2009, que o ator português era uma «estrela em ascensão», depois de o ter seleccionado para integrar o elenco do filme "Mary, Mother of Christ" que vai estrear em 2014. Diogo Morgado interpretou o papel de José na longa-metragem de Foley, ao lado de Al Pacino (Herodes) e Peter O' Toole (Simião), uma produção independente que conta a história de José e Maria até ao nascimento de Jesus.
Diogo Morgado, que os espetadores portugueses conhecem do "O Crime do Padre Amaro", fez um curso de realização nos Estados Unidos, em Los Angeles, e foi nessa altura que conheceu o seu agente norte-americano, que lhe garantiu a audição para esse papel.
O recorde de audiências não reflecte, ainda assim, a opinião dos críticos, até ao momento.
A crítica televisiva Allison Keene, do The Hollywood Reporter, considera que a série não faz jus ao «livro mais conhecido e popular na história da humanidade». «A Bíblia nunca parece descobrir uma forma de se apresentar. Por vezes mantém-se fiel às escrituras, mas depois faz coisas como colocar anjos com habilidades de ninjas», justifica.
Neil Genzlinger, do New York Times, mostrou-se desiludido com a abordagem que Mark Burnett faz dos acontecimentos bíblicos, comentando com ironia o uso dos efeitos especiais. «Aqueles que estão à espera que os antigos milagres sejam melhor servidos pelos efeitos especiais disponíveis em 2013 do que foram no passado, devem preparar-se para uma desilusão. A Travessia do Mar Vermelho não é mais convincente aqui do que era para Charlton Heston [no filme Os Dez Mandamentos], em 1956».
Neuza Farinha, da agência de comunicação do Canal História, em Portugal, esclarece que «a série não vai ser transmitida no mercado português. Será exibido apenas a nível internacional, no History Channel. Esta é a informação que temos». Na sua página de Facebook, Diogo Morgado elucidou amigos e fãs dizendo que « (…) muito provavelmente estreará em Portugal a versão filme nos cinemas, uma vez que o projecto consiste numa mini-série, que será também um filme. Quem quiser mesmo muito ver, já pode fazer a pré-encomenda dos DVDs no Amazon».
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