O realizador Miguel Gonçalves Mendes está a preparar um documentário, «O sentido da vida», que será rodado em cinco países e que deverá ter coprodução internacional e participação financeira do cidadão comum, escreve a agência Lusa.
Miguel Gonçalves Mendes explicou esta terça-feira, em Lisboa, em que moldes está a preparar «O sentido da vida», um filme que, «apesar de ser uma grande dissertação sobre a vida, é muito mais solar, é muito mais sobre o desejo de viver e sobre o que é que nos faz estar aqui».
O realizador avança com este projeto depois do documentário «José & Pilar», que - admitiu - mudou a sua forma de encarar a vida.
«Havia uma coisa que a Pilar [del Río] e o José [Saramago] me diziam muitas vezes e que me transformou: É o facto de a nossa vida ser tão curta e de isto ser tão rápido e tão pequeno, que é quase imoral perdermos tempo a chorar e a dizer que a nossa vida é uma desgraça. Se queremos mudar, basta arregaçar as mangas e trabalhar», disse.
«O sentido da vida» será protagonizado pela personagem Miguel, uma espécie de alterego do próprio realizador, que será o fio condutor entre as sete histórias - reais - que o filme quer contar.
A personagem «decide dar uma volta ao mundo à procura do sentido da vida, cruzando-se com sete histórias, que colidem e se confrontam umas às outras», disse.
Essas sete histórias serão protagonizadas por sete pessoas, uma delas portuguesa: um político, um comediante, um realizador, um cantor, um filósofo, um escritor e um astronauta. Os nomes só serão revelados quando estiverem todos confirmados.
A rodagem acontecerá em Portugal, no Brasil, na Islândia, em Inglaterra e na Ásia, possivelmente no Japão.
Este é um projeto para três anos e Miguel Gonçalves Mendes procura financiamento dentro e fora de Portugal. Precisa de, pelo menos, 800 mil euros para fazer o filme; conta ter produtores internacionais, à semelhança do que conseguiu para «José & Pilar», que teve apoio das produtoras dos realizadores Fernando Meirelles e Pedro Almodóvar.
«Mas gostava que este filme continuasse a ser português», disse.
Por isso, o realizador recorreu ao crowdfunding, um modelo de angariação de verbas através da Internet no qual pessoas anónimas doam dinheiro para um determinado projeto.
Foi criada a plataforma oSentidoDaVida.cinema.sapo.pt, na qual qualquer pessoa ou entidade podem passar a investidores.
Quem investir mais de cinco mil euros será considerado coprodutor e «terá direito a percentagem de lucro correspondente ao orçamento final, depois de cobertos os custos».
«Eu faço cinema porque quero comunicar com as pessoas», disse Miguel Gonçalves Mendes, contando que os pequenos investidores poderão apoiar o filme, apesar do país estar a passar «uma críse horrível, bastante cruel».
Há ainda o facto de os concursos de apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual estarem congelados.
Na quinta-feira começará a exibição da primeira retrospetiva da obra cinematográfica de Miguel Gonçalves Mendes no cinema City Alvalade, em Lisboa. Até 1 de agosto serão exibidas as onze produções do realizador, entre elas, «Autografia», «Florides» e «José & Pilar».
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