O realizador do filme "A Gaiola Dourada" recebeu este sábado, em Paris, o 'Troféu Luso-Cidadão', uma distinção da 'Cívica', associação de eleitos de origem portuguesa, pela visibilidade que deu à comunidade portuguesa em França.
«Recebo este prémio com muito orgulho», afirmou o realizador à agência Lusa após ter recebido o troféu.
Ruben Alves disse ser «gratificante» ter conseguido chegar a um elevado número de pessoas «através de uma história pessoal».
O presidente da 'Cívica' revelou que a escolha do vencedor do 'Troféu Luso-Cidadão' de 2013 foi unânime.
«Para nós, 'Cívica', foi muito oportuno falar dos portugueses e que os franceses tenham tido a oportunidade de entrar em casa dos portugueses e de conhecer essa parte escondida e não visível da comunidade portuguesa», explicou Paulo Marques.
O dirigente associativo explicou que este prémio foi uma forma de agradecer a Ruben Alves por ter posto a comunidade portuguesa em evidência, «com risos, choros, lágrimas e com muito humor».
«A seis meses das eleições autárquicas, haver um filme que possa pôr 'à la lumière' [em evidência] a comunidade portuguesa e a sua realidade genuína deu-nos a oportunidade de podermos fazer um trabalho dinamizador», acrescentou.
Por seu lado, o realizador luso-descendente ficou «surpreendido» com a recepção que o filme teve em Portugal e admitiu que não estava à espera de «todo o acolhimento» que teve.
«Estou muito feliz porque dá uma outra imagem da emigração aos portugueses de lá [de Portugal], porque afinal no filme há uma "portugalidade", uma alma portuguesa que qualquer português no mundo pode sentir», disse o realizador.
Ruben Alves reconheceu que o filme surgiu numa altura em que se assiste a uma nova vaga de emigração, mas que nada tem que ver com a emigração dos anos sessenta e setenta que é retratada no filme.
«É diferente, e a verdadeira diferença entre esta emigração [retratada no filme] e a de agora é a esperança. Antigamente havia esperança. Eles iam para fora para encontrar um trabalho melhor. Hoje em dia já é mais complicado porque vão embora de um país onde já não têm possibilidades nenhumas, onde já não há esperança, ou há muito pouca, é complicado. Então vão para fora porque não têm qualquer hipótese. Claramente não é a mesma coisa», considerou.
Ruben Alves admitiu que provavelmente a nova emigração não se vai rever em algumas das situações retratadas na "Gaiola Dourada", mas confessou haver algo de comum às duas gerações de emigrantes: «a alma portuguesa».
«O ser português não se explica, é algo que temos em nós. Esta nostalgia, fatalidade e maneira de viver que sobressai no filme com esta família», concluiu.
O 'Troféu Luso-Cidadão' foi criado em 2010, na comemoração dos dez anos da associação 'Cívica', com o objetivo de homenagear iniciativas privadas, associativas, ou artísticas que evidenciem de forma positiva a comunidade portuguesa residente em França.
Sem comentários:
Enviar um comentário