A primeira edição da "Semana del Cine Portugués" realiza-se no Malba Cine, em Buenos Aires, e, até 1 de setembro, exibe filmes de realizadores como Manoel de Oliveira, João Salaviza e João Canijo.
O jornal argentino Clarín escreveu, na edição de terça-feira, que, «apesar da crise que afeta o país, e que levou a cortes de quase todos os apoios à produção, já de si escassa, o cinema português continua a ser um dos mais vitais e singulares da Europa, como prova esta mostra que inclui Manoel de Oliveira, Pedro Costa e Miguel Gomes, entre outros realizadores de primeira linha».
Numa entrevista publicada ontem no diário Pagina 12, o realizador João Salaviza, referindo-se à filmografia nacional afirma: «Não pensamos no mercado», o que o diário puxa para título afirmando que «esta parece ser a receita, não só para as suas curtas-metragens, mas também para a cinematografia portuguesa no seu conjunto».
A mostra de cinema português engloba ainda uma retrospetiva da obra do realizador João Salaviza, já distinguido com uma Palma de Ouro, em Cannes, em 2009, pelo filme "Arena", e um Urso de Ouro, em Berlim, em 2012, por "Rafa", duas curtas-metragens que serão exibidas no grande ecrã do portenho Malba Cine.
Deste cineasta, serão também apresentados "Cerro Negro", selecionado para o Festival de Roterdão, em 2012, e "Strokkur", filmado na Islândia, com o músico Norberto Lobo.
Referindo-se ao reduzido apoio à produção cinematográfica, o realizador afirma que «o Estado continua a ter algum dinheiro, mas não é suficiente para todos».
Os apoios públicos para a produção cinematográfica e audiovisual, em Portugal, não provêm de verbas do Orçamento do Estado, mas sim de taxas aplicadas sobre o preço dos bilhetes de cinema, as receitas da publicidade exibida nos canais abertos de televisão e aos operadores de televisão por assinatura, em função do número de subscritores.
João Salaviza afirma, na entrevista ao jornal argentino, que, em breve, irá filmar a sua primeira longa-metragem, e que «talvez seja o único a fazê-lo no país, este ano».
O cineasta dá conta de que «os apoios do Instituto do Cinema e do Audiovisual estão atrasados há três anos».
«A minha película, por exemplo, foi apoiada em 2010 e com um montante muito baixo, o que revela que Portugal continua a ser um produtor [cinematográfico] minoritário. Fora deste sistema é tudo mais complicado, a única solução é filmar curtas-metragens com praticamente nada e entre amigos, ou sair e ir buscar dinheiro ao estrangeiro, sobretudo à França e à Alemanha», afirma o cineasta de 29 anos.
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