O cineasta norte-americano Robert Poole vai passar 14 meses na Gorongosa, Moçambique, a filmar uma série documental de cinco horas sobre o dia-a-dia naquele parque nacional.
Segundo contou o próprio cineasta à Lusa, Poole irá ficar 14 meses no parque, por vezes a filmar sozinho, outras vezes acompanhado de uma equipa de mais quatro pessoas.
Para já, o cineasta vai acompanhar o levantamento das espécies existentes naquela reserva natural, que está a ser realizado por 15 cientistas, mas quando os investigadores passarem do terreno ao laboratório, o trabalho de Poole continua no exterior.
«Vamos cobrir tudo, as ações contra a caça furtiva, a reintrodução de vida selvagem, qualquer atividade científica, ou simplesmente filmar a natureza», contou o cineasta, adiantando que ele próprio estará envolvido no trabalho científico e de conservação, pelo que a série será também sobre si próprio.
O diretor de media da Gorongosa, James Byrne, explicou, em resposta escrita à Lusa, que a série mostrará o dia-a-dia no parque: «O trabalho de conservação, ciência e relação com as comunidades, as histórias de vida daqueles que se dedicam a salvar aquele tesouro mundial».
«Será a primeira série do género, que eu saiba, a mostrar como se faz conservação. Não é uma versão 'fantasiosa' de África em que as pessoas são retiradas da fotografia e se mostra o continente como se ainda fosse uma vastidão inexplorada com muito pouca gente», descreveu.
Para Byrne, é importante mostrar que África vive hoje uma crise de conservação, com os 'habitats' a desaparecerem a um ritmo acelerado devido à pressão humana.
«Estamos a fazer um trabalho crítico de conservação num dos países mais pobres da Terra e nem sempre é simples ou fácil, mas tem de ser feito. Se conseguirmos fazê-lo aqui, significa que pode ser feito em qualquer lado», escreveu o responsável da Gorongosa.
Robert Poole, cuja carreira inclui mais de 30 filmes da National Geographic, pelo menos dois dos quais filmados na Gorongosa, conheceu o parque moçambicano em 2008 quando fez a cinematografia do filme "Gorongosa: O Paraíso Perdido de África".
O cineasta, que hoje é membro do projeto de restauração da Gorongosa, assume que desde então se apaixonou pelo parque e pela missão de recuperá-lo da destruição provocada pela guerra civil moçambicana: «É um projeto em que acredito muito fortemente e do qual me sinto hoje muito próximo».
«É assim que surge esta série. Era um sonho que tinha, passar um longo período neste parque», acrescentou Poole, que quer aproveitar o tempo disponível para «filmar a natureza como nunca antes».
Isto porque filmar a vida selvagem «demora muito tempo. É preciso ficar dias ou semanas escondido», recordou o cineasta, premiado em 2011 com um Emmy pela cinematografia da série "Great Migrations", da National Geographic.
O resultado será uma série documental de cinco episódios, de uma hora cada, que deverá ser exibida na televisão a nível internacional, disse o cineasta, sem adiantar para já o nome de qualquer cadeia televisiva.
"O Paraíso Perdido de África" e "Healing Africa's Elephants", ambos da National Geographic e ambos com a participação de Poole, são dois dos muitos documentários já realizados naquele parque moçambicano, que está a ser restaurado pela Fundação Carr, do magnata norte-americano Gregory Carr.
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